#ACovidnaopassou
É com muita preocupação que acompanhamos, já há alguns dias, as notícias da lotação nas UTIs Covid-19 em Petrolina. E não foi por falta de aviso. Sempre se soube que em nenhum momento chegamos perto de nos livrar da pandemia. Ela seguia ativa e o que aparece agora nas UTIs é apenas o reflexo de muito descuido por parte da população e, infelizmente, do poder público.
Todos os números apontam para a necessidade de medidas urgentes. Segundo o Imperial College de Londres, que estuda transmissão de Covid em todo o mundo, a taxa de transmissão no Brasil está no patamar de 1,3, o que significa que cada 100 pessoas doentes transmitem a doença para outras 130 pessoas. Isso demonstra o total descontrole da contenção da doença no país.
Medidas de distanciamento e isolamento são eficazes e o mundo é a prova disso. Basta olhar para o que tem sido adotado pela maioria dos países europeus na chamada 2ª onda. Não à toa os resultados já começam a aparecer como menos casos, internamentos e mortes.
É preciso esclarecer também que pedir às pessoas para usarem máscaras e evitarem aglomerações é fundamental mas não basta. A responsabilidade é do poder público e neste ponto me preocuparam algumas manifestações na semana passada, minimizando a situação da Covid-19 aqui no município de Petrolina.
Escrevi entre março e abril parabenizando a postura da prefeitura local que tomou medidas rápidas para conter o avanço do vírus por aqui. Mas acho que agora está demorando a adotar novas medidas. Quando se trata da vida das pessoas, não adianta aguardarmos por ações do governo estadual ou federal, esse último agindo muitas vezes de forma absurda e irresponsável com o povo brasileiro.
Enquanto isso já passamos das 170 mil mortes no Brasil. Seguindo o ritmo de crescimento atual, estimativas apontam a possibilidade de voltarmos a um patamar acima das mil mortes diárias ainda em 2020. A realização de aglomerações por políticos e partidos já foi uma tragédia em si por todo o estado. Espero que os governantes, pelo menos agora, voltem a se posicionar a favor da vida das pessoas.
Aristóteles Cardona Júnior
Médico de Família e Comunidade e Professor na Universidade Federal do Vale do São Francisco
Portal Tribuna NE