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Bancada feminina da Câmara de Petrolina tem cortado um dobrado para se fazer ouvir
Com ampla maioria formada por homens, são apenas 3 as mulheres que ocupam cadeiras na Casa Plínio Amorim.
POR NOTÍCIAS DO PARLAMENTO – Uma é campeã de mandatos e sente às vezes que tem que falar mais firme para se fazer ouvir. As outras duas são marinheiras de primeira viagem, mas com experiências de vida que têm feito a diferença no plenário da Câmara de Vereadores de Petrolina, maior colégio eleitoral do sertão e quinto maior de Pernambuco. Estamos falando das vereadoras Maria Elena de Alencar (União Brasil); Samara da Visão (PSD); e Lucinha Mota (PSDB), três mulheres que formam o ‘trio de superpoderosas’ na Casa Plínio Amorim na atual legislatura.
Mesmo sendo maioria da população e do eleitorado da ‘capital do sertão de PE’ , somente 3 das 23 cadeiras da Câmara de Petrolina são ocupadas por mulheres. A mais experiente, com seis mandatos e agora suplente de deputada estadual na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), é a vereadora Maria Elena de Alencar que integra o grupo do prefeito Simão Durando no legislativo local. Ela disse a nossa reportagem que lamenta Petrolina ter tão pouca representatividade feminina nas cadeiras do poder legislativo da cidade.
“Sabemos que não é nada fácil, mas precisamos nos fazer representada. Estou no meu sexto mandato e sinto que quando estamos com mais mulheres nessas cadeiras, as nossas pautas são mais fáceis de estarem presentes. Já vivenciei um momento assim nesta Casa e espero que a Casa Plínio Amorim possa contar com mais mulheres eleitas neste ano de 2024”, expressou a vereadora que é presidente da Comissão da Mulher na Casa, tendo as colegas Samara e Lucinha como relatora e secretária do colegiado, respectivamente.
“Temos buscado incentivar no âmbito de nossas discussões dentro da Comissão, às mulheres a serem parte importante neste parlamento”, completou Mari Elena.
Sua colega Samara da Visão, da bancada da oposição e estando no primeiro mandato, reforça essa pauta de mais mulheres na política e nos legislativos municipais para que a população se sinta representada em sua grande maioria. Samara já estreou no cargo sendo a oradora da cerimônia de diplomação dos vereadores e vereadoras eleitos e reeleitos em 2020 e encarou com firmeza esse primeiro desafio. Parece esse ter sido o primeiro de muitos desafios que têm pautado esse primeiro mandato da parlamentar.
“Ao longo desses anos de mandato, tenho procurado ser a voz ativa da população na Câmara, sobretudo, do povo da área irrigada que é uma população sofrida, apesar de ser responsável por grande parte de nossa riqueza. E contemplo como uma vitória de nosso mandato junto com o apoio do deputado Lucas Ramos (PSB) ainda no governo do ex-governador Paulo Câmara, PSB, que elaborou e licitou a implantação das rodovias que hoje a gente contempla sendo entregues, uma obra de qualidade, melhorando a mobilidade, o direito de ir e vir. Eu moro na área irrigada e sei como era difícil essa mobilidade”, disse Samara se referindo às conquistas das PEs 638 e 639 entregues por completo na semana passada pela governadora Raquel Lyra, PSDB, e que inseriu a pedido das lideranças locais, a proteção dos canais para evitar novos acidentes nas estradas dos núcleos irrigados beneficiados pelas novas rodovias.
Outra pauta de Samara é a saúde que enfrenta na cidade e especialmente na região irrigada, segundo a vereadora, um descaso por parte da administração do prefeito Simão Durando, do União Brasil.
“Desde o começo do nosso mandato que tenho feito apelos, solicitações, despachado com secretários, mas nossa saúde continua esquecida. Postos de saúde deficitários, atendimento estendido negado para a população que trabalha nas áreas irrigadas. São problemas que só se multiplicam sem que o povo que sustenta a riqueza de nosso município, possa ter seus direitos garantidos”, lamentou Samara que também preside a Comissão de Direitos Humanos do parlamento petrolinense.
A mais nova do trio de ‘superpoderosas’ na Câmara de Petrolina é a vereadora Lucinha Mota, também da oposição, que teve que esperar quase três anos para garantir na justiça eleitoral a sua vaga na Casa Plínio Amorim. Ela foi uma das mais votadas em 2020 estando no Psol na época e entrou na justiça contra o partido Avante que após juntar provas, Lucinha acusou a sigla de fraudar a cota de gênero na disputa eleitoral.
A justiça acatou e anulou todos os votos do Avante em Petrolina, só que o vereador eleito Júnior Gás recorreu para o TRE no Recife e para aguardar o resultado do recurso, no mandato. Somente no final do ano passado, a segunda instância confirmou a perda dos votos e retirada de Júnior Gás da cadeira, dando ao Psol a vaga como a maior sobra dos votos para o legislativo em 2020. Lucinha, mesmo estando em outro partido, conseguiu a vaga que vem sendo motivo de recurso do Psol, mas a vereadora se mantém firme no mandato e não tem estranhado a cadeira não.
“Meu maior desafio não é exercer o mandato, mas sim a falta de diálogo e de habilidade política da atual gestão municipal. Para aplicar melhor os recursos públicos, seria necessário uma conversa ampla entre os poderes e a sociedade civil, mas logo que assumi durante as votações da LDO e da LOA, percebi que esse é um governo autoritário”, disparou a vereadora.
Ela listou suas prioridades em 2024 para continuar atuando em defesa de quem a colocou na cadeira de vereadora, a exemplo da fiscalização da correta aplicação dos recursos públicos, o enfrentamento à discriminação contra as mulheres e propor projetos de cunho social na área de habitação, educação infantil, segurança pública, entre outros enfrentamentos.
“Sempre estive e continuo estando disposta a dialogar com essa gestão tendo como objetivo de encontrar as melhores soluções para reduzir as desigualdades sociais e a falta de oportunidades, garantindo uma vida melhor para a nossa população”, concluiu a vereadora Lucinha Mota que a partir de março passou a integrar a Comissão da Mulher da Câmara de Petrolina como secretária do colegiado.
Cinara Marques, redação Tribuna Nordeste