Nordeste

Candidato Bolsonaro ‘lava às mãos’ para comportamento violento de seus eleitores

Redação Tribunna

O candidato a presidente, Jair Bolsonaro, do PSL, resolveu dar uma de Pilatos e ‘lavou às mãos” sobre o comportamento agressivo de grande parte dos seus eleitos. Esse perfil provocou o assassinato de Mestre Moa, artista baiano, ativista cultural conhecido internacionalmente e que foi assassinado na madrugada de segunda, 8, por discordar da opinião de seu agressor apoiador de Bolsonaro.

Moa fez o contraponto à favor do candidato do PT e fez ponderações, justificando sua discordância. Conforme familiares da vítima, o autor do crime, já preso, saiu irritado, foi em sua casa próximo ao local onde estavam e pelas costas, atingiu Moa com 12 facadas, ferindo ainda um sobrinho do artista que tentou evitar o ato de intolerância.

“Ah cara, não posso conter milhões de pessoas que votam em mim”, resumiu a falar o candidato Bolsonaro durante entrevista a uma rádio nesta terça, 9.

Em Salvador, Germínio Pereira, o parente do artista assassinado que tentou evitar a tragédia, mas sem sucesso, depois de pouco mais de um dia internado no Hospital Geral do Estado (HGE), teve alta nesta terça-feira e, com exclusividade, contou ao Portal Correio 24 Horas, sobre a noite em que os primos, tinha um irmão de Mestre Moa também no local, sentados, apenas discutiam “projetos para o futuro”.

Leia relato de vítima:

Eu estava indo para casa, quando passei pelo Bar de João. Eles [Moa e Reginaldo] já estavam lá tomando cerveja e eu decidi parar. O rapaz [Paulo Sérgio] já estava conversando sobre política com João. Meu tio só fez falar: ‘você é negro, tem que votar em partido que defenda a causa da gente. Somos negros e temos que lutar por isso, em alguém que pense nos negros, nos baianos.’ 

***

Isso foi o suficiente para o cara achar que Moa estava agredindo ele. Na hora da confusão, ele disse a João [dono do bar]: ‘ele não me conhece, não sabe quem sou eu. Foi um mal entendido’. Eu ainda conversei com ele. Disse: ‘deixa pra lá que discussão por causa de política não leva a lugar nenhum. Naquela hora eu não imaginava que fosse levar a vida de meu primo’.

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Ele foi embora. Como ninguém conhecia, não sabíamos que ele era violento assim. Que ele era frio e calculista para ir em casa buscar uma peixeira e voltar cerca de 10 minutos depois. Ninguém esperava isso. A gente estava ali discutindo projetos para o futuro e, de repente, ele entra pra agredir, por causa de uma discussão de política.

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Eu não vi quando ele chegou, na hora eu estava conversando com meu primo. Ele já voltou indo para cima dele, que estava de costas. Na hora, levantei e disse: ‘rapaz, o que é isso?’ Tentei defender Moa, botei a mão para segurar, mas ele é forte, e eu acabei atingido. Levantei para tentar segurar a faca e fui atingido no braço direito.

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Senti meu sangue descer e ouvia o irmão mais velho de Moa gritando: ‘meu irmão, meu irmão’, e ele caído no chão. Meu sangue caía, já estava me sentindo fraco, perdi muito sangue. Me botaram dentro do carro e me levaram para o HGE já desacordado. Lá, o médico me reanimou e botou no soro.

***

Não sabia que Moa tinha morrido, soube na maca. Uma técnica de enfermagem que trabalha no HGE, que conhece minha família, que me deu a notícia. Ela me falou: ‘que negócio triste, eu preocupada com você e meu tio acaba de falar que Moa morreu’.

Fiquei abalado. Quando saí de lá [do bar], ele estava no chão. Quando caiu, já caiu morto. Ele não tinha histórico de violência. Isso é muito triste, era um cara que o Brasil e o mundo conhecia e vimos perder a vida assim. Está todo mundo arrasado. Ele deixou alunos na Inglaterra, na Espanha, na França, em São Paulo, em Porto Alegre.

***

Ele não se metia em briga de ninguém e dizia pra gente tomar cuidado. Quando estava aqui, ele ia sempre no Bar de João, tomar uma cervejinha, todo mundo conhecia ele lá. Nossa família vive aqui há mais de cem anos, começou com o terreno dos nossos bisavós, hoje temos mais de 70 pessoas da mesma família morando aqui.

É como se a comunidade fosse uma grande família. Está todo mundo triste, mas não vamos deixar os projetos e as ideias dele morrerem junto com ele. (Com Correio 24 Horas)

 

FOTO BOLSONARO: SÉRGIO LIMA-PODER 360-DIVULGAÇÃO

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Cinara Marques

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