Concurso da Guarda de Petrolina: Agentes envolvidos na elucidação da tentativa de fraude do certame, ainda descartam anulação

Com valores negociados a R$ 10 mil por candidato. Assim foi montado o esquema desarticulado neste domingo, 30, pela Polícia Civil de Pernambuco, por meio da 214ª Delegacia em Petrolina, no sertão do estado, que visava fraudar o concurso público da Guarda Civil Municipal da cidade. A operação comandada pelos delegados Daniel Moreira e Gregório Ribeiro, monitorou um grupo suspeito desde antes de 5 de maio, quando haveria a prova, mas foi adiada pela banca organizadora.

Segundo o delegado Daniel Moreira, o grupo tinha no comando, o ex sargento do Exército, Dionísio Felipe Júnior que integrou o grupo anos atrás que tentava fraudar o concurso da Polícia Militar de Pernambuco. Dionísio é professor de Matemática com atuação no IF-Sertão em Petrolina.

O outro detido foi o policial militar, Joilton Feitosa. Os dois comparsas foram pegos em flagrante na tarde deste domingo, se preparando para enviar o gabarito das provas respondidos via SMS. A prisão ocorreu na casa de Dionísio, bairro Jatobá 2, zona leste da cidade.

“Essas pessoas descobertas nas investigações, pagariam R$ 10 mil para os dois, e através do monitoramento, identificamos. Pegamos o Dionísio e policial Joilton quando se preparavam para enviar os gabaritos. Pegamos também três candidatos que não chegaram a receber as mensagens. Esses e os demais que receberam as mensagens, serão eliminados do concurso”, disse Daniel.

O delegado explicou que os candidatos entraram com uma espécie de mini celulares  nos locais de provas e que são aparelhos não identificados pelo detector de metais. Os candidatos tiraram a foto da prova e enviaram para Dionísio que já estava respondendo as questões para mandar para os candidatos.

O delegado Gregório Moreira contou que a polícia identificou os três candidatos antes deles receberem as mensagens. “Já estávamos com os três na delegacia no momento em que receberam as mensagens, foi quando autuamos em flagrantes Dionísio e Joilton”.

O secretário executivo de Segurança Pública de Petrolina, José Silvestre que comandou o esquema de segurança do certame, revelou que foi detido um dos participantes com um desses aparelhos na cueca. Todas as investigações, conforme o secretário, teve o serviço de inteligência da PC, monitorando a todo o tempo, os suspeitos.

“A gente atenta que esses fatos não macularam o certame e por isso a gente avalia que não houve a fraude por não terem os detidos não terem participado”, assinalou Silvestre.

Segundo Silvestre, Dionísio já é “figurinha carimbada” nesses delitos. “Ele até debochou da prisão, sabedor que deverá ser solto numa audiência de custódia, apesar de responder a processo crime de tentativa de fraude”, acrescentou.

Silvestre acredita que os atos descobertos até o momento não reúne elementos para se dizer que o concurso está “bichado”. “São muitos os sonhos em jogo e que até o momento não se configurou elementos para essa anulação. Essa investigação cortou pela raiz esse esquema e não vou deixar que esse ato macule o sonho de muitas famílias”, enfatizou Silvestre.

O Ministério Público de Pernambuco pode ser procurado por qualquer candidato. Mas Silvestre afirmou que o MPPE acompanhou todo o processo de investigação que desencadeou na desarticulação da tentativa de fraude do concurso da Guarda de Petrolina.

“Não se sabe como ele assumiu esse cargo no IF-Sertão, porque não era nem para fazer parte do instituto”, pontuou o Dr. Gregório.

A delegada seccional, Isabella Pessoa, parabenizou o resultado da equipe de investigação. “Mais uma importante operação na 214ª Delegacia que atuou para expurgar qualquer tipo de irregularidade no certame e garantir a lisura do concurso”, destacou a delegada, informando que as investigações continuam.

Foram apreendidos relógio e celulares dos acusados. Joilton quebrou o celular ao meio para tentar eliminar as provas, mas as investigações continuarão para saber a quem pertence os números dos celulares utilizados na tentativa de fraude.

Mais de 15 mil candidatos se inscreveram para o concurso da Guarda Civil de Petrolina. Em disputa 80 vagas. Após audiência de custódia, ocorridas no final desta manhã no Fórum de Petrolina, os detidos foram liberados para responder em liberado, o processo criminal de tentativa de fraude em concurso.

Por Cinara Marques, da redação

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