Política
Crise nas Relações Exteriores: ministro Ernesto Araújo pede demissão
Desgaste com o Senado ao desrespeitar a senadora Katia Abreu, MDB, e falta de habilidade para conseguir mais vacinas para o Brasil, foram os principais fatores da saída do chanceler bolsonarista.
Com Metro 1 e Correio Brasiliense – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo hoje (29). Ele informou a seus subordinados.
Segundo pessoas próximas, Araújo vai apresentar ao presidente Jair Bolsonaro formalmente ainda nesta segunda-feira o pedido de sua exoneração do cargo. O pedido ocorre após pressão de parlamentares, inclusive dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Lira chegou a dizer que Araújo perdeu a capacidade de dialogar com países. Chanceler já era alvo de críticas pela condução da política externa brasileira, marcada pelo estreitamento nas relações com o EUA durante a presidência de Donald Trump e embates com importantes parceiros comerciais, como a China.
PROTEGIDO DE EDUARDO BOLSONARO
O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, teve a sua pior derrota no governo com a demissão de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores. Araújo era o principal protegido de Eduardo na administração federal. O ministro não tomava nenhuma decisão sem antes consultar o filho do presidente
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Eduardo tentou, num primeiro momento, convencer o pai a manter Ernesto Araújo no governo. Mas seus argumentos perderam força depois do agravamento da crise aberta pelo chanceler com o Senado.
Ele acusou a senadora Kátia Abreu, MDB, de estimulá-lo a endossar um lobby a favor da empresa chinesa Huawei na tecnologia 5G.
Para Bolsonaro, entre abrir mão do subordinado que representa a extrema-direita e ver o Congresso se virar contra o governo, ele optou por mandar Araújo embora do governo.
A nota oficial do Palácio do Planalto, no entanto, virá como se o chanceler tivesse pedido para deixar o comando do Itamaraty.
No Planalto, diz-se que foi o filho 03 que deu o aval para que Ernesto Araújo divulgasse o tuíte no qual ele acusou Kátia Abreu de lobista. Como a demissão dele era irreversível, o melhor era sair atirando para manter os apoiadores mais radicais do governo atiçados. São os radicais hoje a principal base de apoio de Bolsonaro.
A ligação de Eduardo Bolsonaro com Ernesto Araújo é forte. Eles atuaram juntos na campanha, derrotada, à reeleição de Donald Trump para o governo dos Estados Unidos, e nos ataques à China.
O chanceler, por sinal, rasgou toda a diplomacia brasileira ao defender o filho do presidente em críticas públicas ao embaixador da China no Brasil. O temor dentro do Itamaraty é de que Eduardo Bolsonaro tenha ascendência sobre o pai para fazer o sucessor de Araújo.
Dois nomes têm a simpatia do filho 03 do presidente: Nestor Forster, embaixador do Brasil em Washington, e Luiz Fernando Serra, embaixador em Paris. Ambos fazem parte da corrente olavista, de extrema-direita, da qual Araújo é um dos expoentes.
Portal Tribuna NE