Nordeste
Estudos da Univasf e da Facape acompanham curva de casos do novo coronavírus em Petrolina-PE e Juazeiro-BA
A iniciativa tem avaliado se a flexibilização do isolamento social na região, tem contribuído para uma maior velocidade de ocorrências de casos nas duas principais cidade do Vale do São Francisco.
O Grupo de Modelos Matemáticos (GMC-VASF) formado por pesquisadores da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco) que analisa, analisa por meio de modelos epidemiológicos, a evolução da pandemia de COVID-19 nas cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA. O propósito deste boletim informativo é contribuir para a informação do público e das autoridades da região sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus. Na sexta, 26, o grupo divulgou alguns números desse acompanhamento.
Nesta terceira edição o grupo destaca o aumento dos casos confirmados após abertura do comércio nestas cidades. Para o professor Telio Nobre Leite, um dos pesquisadores do grupo, as análises têm batido com a realidade da pandemia na região:
“Após 3 semanas divulgando internamente na Univasf os nossos resultados, nesta terceira edição do nosso boletim conseguimos detectar que o crescimento dos casos confirmados tem relação direta com a data da abertura do comércio (01 de junho) nas duas cidades. Nossos estudos apontam que a pandemia da Covid19 está em franca ascensão na região e que ainda não atingimos nem 3% da população infectada, incluindo os assintomáticos que não foram testados”, explicou o professor.
Télio, no entanto, frisou. “Identificar uma correlação, não significa identificar causa e efeito. Estamos investigando todas as hipóteses. Um dos objetivos dos nossos estudos, é produzir indicadores que possam ser úteis para ajudar os gestores a tomarem as melhores decisões”, considerou Télio Leite.
Em breve, o grupo estará disponibilizando mais informações em sítio específico na rede mundial de computadores. Para maiores informações, o email do grupo é: [email protected]. nstagram: https://instagram.com/gmcvasf
Os pesquisadores da Facape, estão fazendo uma análise científica diária da evolução da Covid-19, que começou em 25 de março, buscando entender a pandemia no mundo, no Brasil, no Nordeste e, mais especificamente, em Petrolina e Juazeiro. O estudo ajuda a compreender os efeitos, por exemplo, da reabertura do comércio.
São dados importantes que podem auxiliar na tomada de decisões, na definição de ações e políticas públicas que contribuam para reduzir o número de pessoas infectadas e de mortes, assim como os efeitos econômicos e sociais derivados pela pandemia, nos dois municípios.
As informações são preparadas pelo Colegiado de Economia da Facape, em um trabalho dos pesquisadores João Ricardo Lima, Maria do Socorro Coelho Macedo e Caliane Borges Ferreira e visam mostrar como o número de casos confirmados e mortes por COVID- 19 têm crescido no Vale do São Francisco com base nos dados divulgados diariamente pelas secretarias de saúde de Petrolina e Juazeiro.
O professor doutor João Ricardo Lima, que coordena o trabalho, avalia pela pesquisa, que a curva de casos na região ainda tem crescido de forma acelerada apesar de velocidade ter sido reduzida a cada dia no período da quarentena.
“Atualmente a taxa de crescimento do número de casos calculada para Petrolina-PE é pouco menor do que a taxa nacional pós-quarentena. Em Juazeiro, por outro lado, é maior. Quanto mais testes são realizados, mais novos casos aparecem. Durante muito tempo Petrolina, testou mais do que Juazeiro, e isto fazia com que tivesse mais casos. Mais recentemente a cidade de Juazeiro, aumentou a quantidade de testes rápidos e isto fez as estatísticas crescerem mais rapidamente nos últimos dias”, explicou o pesquisador.
O plano de retomada da economia também pode interferir na curva de casos da região, já que reduz o isolamento social. Com mais pessoas circulando cresce a probabilidade de uma pessoa infectada passar o vírus para outras.
Desde o dia 17 de junho, que a pesquisa da Facape analisa o efeito da reabertura e detectou a inversão da velocidade com que os novos casos surgiam. Esta velocidade tem crescido desde então. Outras informações da pesquisa aponta que o “achatamento da curva” acontece de forma muito lenta e que o índice de isolamento se mantém em torno de 40% nos finais de semana e 35% durante a semana.
Outra preocupação registrada é a quantidade de leitos de UTI disponíveis está abaixo do recomendado pela OMS.
“O prudente seria intensificar a quarentena com medidas mais restritivas para aumentar o percentual de isolamento para taxas superiores a 60%, que é o recomendado. Se isto não for feito agora, em um futuro breve será necessário pensar até em um lockdown, ou seja, o isolamento obrigatório que já foi feito em outros locais do país”, alertou o professor João Ricardo.
A pesquisa de acompanhamento da evolução da Covid-19 em Petrolina/PE e Juazeiro/BA é atualizada diariamente e está disponível no portal facape.br.
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