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Testes de personalidade: como surgiram durante a 1ª Guerra Mundial

Até a Primeira Guerra Mundial, nenhum outro conflito conseguiu causar estresse e tensão tão fortes ao corpo humano a ponto de afetarem o psicológico dos soldados de maneira permanente.

Em janeiro de 1915, quando 15% dos soldados britânicos voltaram para a casa em um tipo de estado catatônico, o psicólogo Charles Myers, do Royal Army Medical Corps, começou a estudar os efeitos do arsenal bélico e das bombas na mente humana.

O choro incontrolável, amnésia, tiques, paralisia, pesadelos, insônia, palpitações cardíacas, ataques de ansiedade e mudez constituíram sintomas do que anos mais tarde seria o transtorno de estresse pós-traumático, até então chamado de “choque da bomba” por Myers em um artigo científico publicado na renomada revista médica The Lancet.

Respostas que mudam tudo

(Fonte: Breakin News/Reprodução)

(Fonte: Breakin News/Reprodução) 

No mesmo momento, seu diretor médico, o psiquiatra Thomas Salmon, viajou para o exterior para estudar o impacto psicológico da guerra e relatar o que os Estados Unidos deveriam fazer para cuidar de seus soldados que sofriam da condição, caso o país entrasse em guerra novamente.

Ele sugeriu que fossem excluídos os indivíduos insanos, fracos, com tendências psicopatas e neuropatas das forças que seriam enviadas à França e expostas ao terror da guerra moderna. Apesar de sua abordagem arcaica para determinar aqueles que tinham uma saúde mental enfraquecida, ela foi fundamental para a criação do primeiro teste de personalidade da psicologia popular.

Com o impacto que a doença “choque de bomba” havia causado nas Forças Armadas, os militares dos Estados Unidos criaram divisões de Neuropsiquiatria e Psicologia e até uma escola de psicologia militar no Campo de Treinamento de Oficiais Médicos (Geórgia).

Robert Sessions Woodworth. (Fonte: GoConqr/Reprodução)

Robert Sessions Woodworth. (Fonte: GoConqr/Reprodução) 

Com duração de 2 meses, das 365 horas de aula do curso, 8 delas foram dedicadas ao “choque de bomba”, sendo que 6 foram destinadas à simulação e 115 horas ao exame psicológico do plano de estudo para treinamento durante a triagem preliminar.

Quando os Estados Unidos entraram para a guerra, cerca de 1,7 mil soldados novatos receberam avaliação psicológica, incluindo o primeiro grupo de testes de inteligência, dos quais 2% dos participantes foram rejeitados por resultados psicológicos negativos.

Foi o professor Robert Sessions Woodworth que criou o primeiro teste de personalidade, que consistia em uma relação de perguntas “sim ou não” que tentavam entender a psique da pessoa que estava sendo avaliada. Ele perguntava sobre a vida pessoal do indivíduo, infiltrando-se em sua masculinidade, sua aparência física e seus hábitos mentais.

Woodworth desenvolveu cada questão com base nos sintomas que reuniu a partir de histórias de soldados com neuroses de guerra, testando em todos que eram considerados “anormais” para conseguir ajustar cada pergunta.

Raízes para o futuro

(Fonte: Brainstudy/Reprodução)

(Fonte: Brainstudy/Reprodução)

Woodworth testou seu questionário de 100 perguntas em mais de mil recrutas, porém a guerra terminou antes que ele pudesse passar para um teste de amplo espectro ou pudesse incorporá-lo ao Inventário Psiconeurótico do exame psicológico de entrada ao exército.

Mais uma vez, a Primeira Guerra Mundial serviu como um divisor de águas para a sociedade. A ideia de aplicar a psicologia de forma clínica e o uso generalizado de testes no exército durante e após a guerra para realizar vários tipos de avaliações ajudaram a popularizar a prática ao longo dos anos — e, consequentemente, aprimorá-la.

(Fonte: TimeToast/Reprodução)

(Fonte: TimeToast/Reprodução)

Então, surgiram outros testes de personalidade a partir daquele desenvolvido por Woodworth, como o Cronograma de Personalidade de Thurstone (1930) e o Inventário de Personalidade de Bernreuter (1931), que eram avaliações mais multidimensionais e iguais aos que existem na Psicologia Clínica e popular atual; enxergando as pessoas com lente “mais complicadas”.

Os testes retrógrados de Woodworth foram usados até a Segunda Guerra Mundial para tentar detectar pessoas que poderiam colocar o combate em risco. A ineficácia deles e a falta de pesquisa aprofundada no campo da Psicologia para mensurar os efeitos do estresse pós-traumático, foi refletida em fenômenos de guerra, como o “fragging“, durante a Guerra do Vietnã — mais de 60 anos após Woodworth começar a testar a suscetibilidade emocional dos soldados.

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Cinara Marques

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