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Vereadores preferem se abster em Moção de Repúdio ao advogado do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora sobre desculpas da família de Beatriz à escola

O requerimento da vereadora Lucinha Mota repudiava a fala do advogado. Beatriz Angélica, filha de Lucinha, foi assassinada dentro dessa mesma escola aos 7 anos com mas de 50 facadas.

Um absurdo (mais um)  ocorreu no plenário da Câmara de Vereadores de Petrolina, sertão pernambucano. A vereadora Lucinha Mota, do PSDB, da bancada de oposição, apresentou na pauta legislativa da sessão realizada na manhã desta terça, 30, um requerimento de Moção de Repúdio ao advogado do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, Clailsson Cardoso Ribeiro .

O mesmo disse em sua participação no programa Linha Direta, da Rede Globo, dias atrás, que “a família de Beatriz deveria pedir desculpas à escola”.

Beatriz Angélica Mota é a filha de Lucinha que foi assassinada em 10 de dezembro de 2015 de forma covarde. Com apenas 7 anos, ela levou mais de 50 facadas do assassino confesso, Marcelo da Silva que está preso há dois anos, após luta incansável de Lucinha com o apoio da sociedade da região e de muitos lugares que se sensibilizam até hoje diante da covardia do ato contra Beatriz.

Lucinha resolveu lutar e pedir justiça e conseguiu fazer com que as autoridades policiais de Pernambuco encontrassem o autor da crueldade feita contra filha dela e dentro de uma das mais tradicionais escolas da região. Aí vem um advogado e diz que a família deveria pedir desculpas ao colégio, uma fala desastrosa.

Mas, pasmem, 10 vereadores, todos da bancada do governo, resolveram se abster, ou seja, não quiseram se comprometer. Um caso que abalou toda a região, o estado, o Nordeste, o país e virou notícia fora do Brasil, tendo como vítima uma criança assassinada cruelmente dentro da escola onde estudava, porque a negligência do local permitiu com que o autor do crime entrasse facilmente e fizesse mais uma vítima de sua longa lista de crimes.

“Eu repudio a fala do advogado, mas como ex-aluno da escola, de forma pessoal, preferi me abster”, comentou o líder da bancada do governo, vereador Diogo Hoffmann, União Brasil. Mesmo argumento usado pelo colega de bancada, o vereador Marquinhos Amorim, do Republicanos

“Não tenho receio da opinião pública, mas não achei que o nome da escola deveria vir no requerimento e por isso fui pela abstenção, mas repudio sim a fala do advogado”, justificou.

Felizmente, mesmo assim o requerimento foi aprovado, porque foram 8 votos favoráveis e nenhum contrário. E segundo o regimento interno, conforme relatou o presidente Aero Cruz, vereador do PDT, que tinha anunciado a rejeição do texto, voltou atrás em poucos minutos e anunciou a aprovação da Moção de Repúdio por maioria simples.

Única governista a aprovar o requerimento da colega Lucinha Mota, a vereadora Maria Elena de Alencar, União Brasil, assinalou que não teria como ser contra. Ela argumentou que esse é um caso que toda vez que pensa em falar dele ela se prepara psicologicamente como foi no dia do programa que retratou o crime.

“Essa é uma pauta que tenho cuidado extremo, pois um documento desse aprovado ou desaprovado diz muito. Essa dor de Lucinha não passa nunca e esse tipo de fala é sim digno de repúdio. Ao se colocar daquela forma, ele atingiu a todas as crianças, a todas as mães. O colégio não matou Beatriz, mas tanto ele como outras escolas têm que se adaptarem à modernidade, primarem pela segurança e nesse ponto o Maria Auxiliadora foi extremamente, imaturo, paralisou, faltou preparo e continua com um advogado que de forma desumana com uma mãe ferida de morte. Ele que merecia pedir desculpas pelo despreparo, tanto a gestão do colégio como esse advogado”, apontou a vereadora no seu discurso e em conversa com nossa reportagem.

Líder da oposição, o vereador Gilmar Santos, PT, lamentou que colegas governistas não saibam separar assuntos como esse do caso de Beatriz com outros debates na Casa.

“Eu fui professor do Auxiliadora, mas não podemos deixar de reconhecer os erros que foram apontados neste caso e que a escola teria que se mostrar mais solidária. Lamento pelos demais colegas não observarem isso ainda”, detalhou.

Lucinha frisou que não entende o comportamento dos colegas diante de uma fala tão infeliz de um profissional que estava ali representando a escola. A vereadora disse que o advogado Clailson Cardoso Ribeiro saiu  em defesa do cliente dele em detrimento da dor de uma família que só queria justiça.

“Eles é que perderam o prazo de ter me pediido desculpa, de ter pedido desculpas a Beatriz, de ter acolhido a família que era o mínimo que deveria ser feito. Tudo foi mostrado. Eu peço que ao aprovar essa Moção de Repúdio  não é somente a Beatriz, mas a muitas crianças neste país que foram vítimas de negligência. As empresas simplesmente se safam e ainda querem ser vítimas. A escola funcionou normalmente no dia seguinte do crime como se nada tivesse acontecendo”, discursou Lucinha Mota, lembrando que a filha considerava a escola a extensão de sua casa.

“Esse discurso de vitimíssimo não cola. Eu como mãe nunca me coloquei como vitima. Não vou permitir que um CNPJ queira ser vítima”, cravou Lucinha Mota.

O vereador Gaturiano Cigano, PV, da oposição, justificou seu apoio à Moção de Repúdio

“O colégio não teve nenhuma sensibilidade. Advogado ou o colégio, são uma coisa só. O colégio não teve comoção. Conte com meu apoio”, relata Gaturiano.

ENTENDA

Marcelo da Silva, o assassino confesso, entrou na escola Nossa Senhora Auxiliadora dia 10 de dezembro de 2015 sem nenhum problema no dia em que estava sendo encerrado o ano letivo do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Beatriz acompanhava os pais e os irmãos. Ela era também aluna do Auxiliadora e sua irmã mais velha estava concluindo o ensino médio.

Ao ir ao bebedouro da escola, encontrou o assassino Marcelo da Silva que entrou sem que ninguém, nenhum funcionário o barrasse e minutos depois, Beatriz estava morta por gritar e ninguém ouvir diante do monstro que a matou, um pedófilo que já havia feito outras crianças vítimas. Foram 51 facadas e ele disse em seu depoimento que só parou de esfaquear a criança quando ela parou de gritar.

Marcelo da Silva irá a julgamento em Petrolina, local do assassinato de Beatriz. E deve ser júri popular. Todo o caso foi destacado na volta do programa Linha Direta, TV Globo, e foi no final do programa que o advogado do colégio saiu com a declaração infeliz e repudiada por quem acompanhou o programa e por quem tomou conhecimento depois através da imprensa e da resposta dada por Lucinha Mota em uma live nas suas redes sociais.

Nesta terça o repúdio da sociedade ganhou reforço.com a aprovação do requerimento 202/2024 da Moção de Repúdio de autoria de Lucinha Mota que tomou posse no final do ano passado como vereadora de Petrolina ao brigar pela vaga conquistada por mais de 2 mil votos na disputa pelo Psol em 2020.

Ruerimento nº 0202/2024, MOÇÃO DE REPÚDIO, que foi aprovado por 8 votos.

Quem se absteve

Alex de Jesus,

Rodrigo Araújo,

Zenildo Nunes,

Capitão Alencar,

Edilson Leite,

Gilberto Melo,

Diogo Hoffmann,

Major Enfermeiro,

Wenderson Batista e

Marquinhos Amorim

Quem votou favorável:

Samara da Visão,

Gilmar Santos,

Elismar Gonçalves,

Ronaldo Silva,

Marquinhos do N4,

Lucinha Mota,

Maria Elena e

Gaturiano Cigano.

 

 

Cinara Marques, redação Tribuna Nordeste

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