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Educação financeira na infância forma adultos menos endividados

Eles ainda não se desligaram dos brinquedos, mas já despertam para o desenvolvimento de um perfil consciente, aprendendo que o dinheiro não nasce em árvores. É assim que crianças e adolescentes vêm sendo inseridos na educação financeira, resultando em mudanças de hábitos e comportamento.

A ideia é motivar desde cedo a garotada a poupar, interferindo no seu próprio futuro, além de conseguir derrubar o fantasma do endividamento, apontado como um grave problema da sociedade.

Apenas 39% dos pais têm o costume de dar mesada para os filhos, segundo pesquisa, divulgada nesta semana, pela Serasa. Conforme o apontamento, o valor médio é de até R$ 100, abrangendo 74% dos entrevistados.

A compra do lanche ou guloseimas segue como o principal destino dos valores. Desta forma, apenas três, entre cada dez responsáveis, afirmam fazer qualquer tipo de reserva ou fundo de investimento para os pequenos.

Conforme especialistas, com a noção de custos em mente, as crianças, podem ter seus objetivos concluídos a curto, médio e longo prazos, levando isto para toda a vida. Neste embarque, terão mais chances de crescer e ter bons hábitos com relação ao uso dos recursos, sabendo realizar um planejamento. Medidas simples, apontam, podem ser implantadas a partir dos cinco anos, utilizando recursos visuais e lúdicos.

“Uma forma prática de demonstrar o valor do dinheiro é dar um cofrinho, de preferência transparente, onde a criança guarde o que ganha e possa ver o crescimento das cédulas e moedas no dia a dia”, explica o economista Werson Kaval.

Segundo ele, é necessário estimular a criança a sonhar, mas sem tirar os pés do chão, sabendo que é preciso esforço e cooperação para alcançar seus objetivos.

“Ao contrário do que muita gente pensa, nem tudo se resume a cálculos, sendo na verdade lições práticas e humanas, com exemplos que acontecem dentro e fora de casa”, complementa.

A proposta é de contribuir para a criação de uma nova geração de pessoas, mais independentes financeiramente, que saibam utilizar o dinheiro de maneira saudável, sem traumas. O testemunho disso já começa a surgir no cotidiano do pequeno Arthur Luiz, de nove anos, morador do bairro da Várzea.

“É muito bom poder comprar com o meu próprio dinheiro, mas sei que não posso acabar com tudo de uma só vez”, revela. Na visão da mãe, Fernanda Santos, os ensinamentos formarão uma geração mais consciente. “Esta base não existia no passado e hoje faz falta a nós, adultos”, opina.

No Recife, algumas escolas da rede pública municipal já contam com disciplinas eletivas de educação financeira, envolvendo estudantes do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental. O trabalho é atrelado ao chamado protagonismo juvenil, com a criação de clubes de produção. Entre os exemplos estão unidades de ensino dos bairros da Iputinga, Ibura e Mangabeira, onde os alunos economizam dinheiro, adquirem materiais e fabricam bijuterias, vendidas na própria comunidade.

“Quando pensamos em educação, é preciso enxerga-la de maneira integral, capaz de formar os cidadãos do amanhã. Isto inclui o entendimento de que o dinheiro é necessário, mas é preciso administra-lo da maneira correta”, explica Neuza Pontes, gerente geral de Educação Integral.

O reforço é de que é essencial que os pequenos desenvolvam um comportamento positivo em relação ao dinheiro, auxiliando o ingresso na vida adulta com mais tranquilidade.

A educadora financeira, Gabriela Paris, da Sicredi Expansão, afirma que a educação financeira deve tornar-se uma pauta fixa das famílias, estando relacionada a diversos aspectos da vida.

“O dinheiro precisa ser conquistado e todo o seu destino deve ser bem avaliado, desde os primeiros passos do amadurecimento. Não é algo para pensar apenas no sentido imediato, mas sempre com um olhar nas provisões de futuro”, explica.

Conforme orienta, os pais podem abrir uma conta bancária para as crianças e, assim, iniciar as reservas que poderão acompanhá-las durante o processo de crescimento.

“O uso do cartão de débito também é um passo inicial, além de também mais atual, nesta geração, para que elas possam aprender a movimentar o próprio dinheiro. O primeiro passo é servir de exemplo. Afinal, as crianças tendem a imitar comportamentos e padrões dos adultos.”, reforça.

AMBIENTE LÚDICO

É brincando que as crianças desenvolvem a coordenação motora e outras habilidades como, por exemplo, o raciocínio lógico. Neste caminho, o uso de atividades lúdicas para falar de finanças é visto como a ferramenta mais eficaz e produtiva.

Em Pernambuco, o programa Cooperação na Ponta do Lápis, do Sicredi, utiliza gibis especiais da Turma da Mônica dentro das agências, assim como em capacitações externas em escolas e outros locais. O trabalho também produziu uma série de vídeos para falar sobre o assunto com os pequenos.

As ações são projetadas para ensiná-las a lidar com o dinheiro de forma consciente e responsável. Entre os principais eixos do aprendizado estão a lógica, o comportamento e o controle das emoções.

“Essa transmissão de informações vai ocorrendo de forma leve e sem pressão, por meio de conversas, brincadeiras e contação de histórias. As crianças vão aprendendo a seu tempo, de maneira envolvente e tranquila”, ressalta Gabriela Paris.

 

 

 

Com Diário de Pernambuco

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Cinara Marques

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