Política

Protestos voltam a denunciar HDM por negligência em atendimento à mulheres grávidas em Petrolina/PE

As manifestações ocorreram nesta terça, 9, em frente ao hospital e na Câmara de Vereadores. O objetivo é que as autoridades possam intervir e parar com as denuncias de negligência à mulheres na hora que chegam para o parto, de bebês que nascem mortos por mau atendimento na unidade e até troca de recém-nascido. O MPPE também foi acionado pelos manifestantes.

Com áudios

Acolher, sinônimo de proteção, conforto, de abrigar-se e amparar-se. Estes significados da palavra ACOLHER, segundo o dicionário, seriam o que mulheres gestantes deveriam encontrar na hora do parto no Hospital Dom Malan gestão Fundação Professor Martiniano Fernandes, em Petrolina, maior cidade do sertão de Pernambuco.

No entanto, por meio de denúncias que não são de agora, destas pacientes na mídia regional, de documentos encaminhados a diversas autoridades e até de processos que tramitam na justiça, ACOLHIMENTO é uma palavra apenas colocada na entrada da unidade, porque o ACIOLHER na prática, tem sido questionado no HDM que passou mais de 10 anos até 2020 sendo administrado pelo Instituto Materno Infantil Professor Fernando Filgueira  (Imip) e agora está sob a responsabilidade da Fundação Professor Martiniano Fernandes e as denuncias de negligências neste acolhimento só se multiplicam.

Um dos mais recentes ocorreu no dia 3 deste mês quando Joseano Ferreira perdeu a filha.

“Minha mulher fez o pré-natal correto e no posto de saúde do projeto Maria Tereza, onde a gente mora, e da Casa de Parto de Petrolina, o encaminhamento dela seria para parto cesáreo. A médica que acompanhou a gravidez dela constatou que o parto teria que ser feito também antes de completar 9 meses devido ao risco observado no acompanhamento. Mas, chegando no hospital, a equipe que atendeu minha esposa, não cumpriu o encaminhamento da médica e provocou a indução em quatro tentativas para o parto normal, promovendo um sofrimento de quase 24 horas a minha mulher e à criança. Também não deiaram eu tirar ela para realizar o parto em outro local, terminando minha filha morrendo. Um sonho de seis meses, interrompido”, desabafou Joseano.

“Hoje, minha esposa passa por problemas psicológicos. Já registramos um boletim de ocorrência e se precisar desenterrar minha filha para encontrar a justiça para essa situação, vamos fazer”, contou Joseano que participou de um protesto nesta terça-feira, em frente ao HDM e em seguida na Câmara de Vereadores. Ele esteve na frente da manifestação provocada pelo grupo de whatsapp ACOLHIMENTO COM AMOR, Sou Mãe Tenho Medo, entre outros.

Joseano falou à reportagem do PORTAL TRIBUNA NORDESTE que transmitiu ao vivo em seu perfil no instagram @portaltribunna, a chegada de parte dos manifestantes, na Casa Plínio Amorim e também na reunião com vereadores integrantes das comissões de Defesa e Proteção da Criança e Adolescente (presidida pela vereadora Maria Elena, MDB), da Mulher (relatora vereadora Samara da Visão, PSD), da Saúde (presidente verador César Durando, MDB, e relator vereador Zenildo do Alto do Cocar, MDB e secretário vereador Marquinhos Amorim, Republicanos) e dos Direitos Humanos e Cidadania (presidente vereador Osinaldo Souza, MDB).

Veja o vídeo completo no IGTV da conta do instagram do site e abaixo a entrevista em áudio com Joseano:

 

A manifestação teve como objetivo, cobrar de uma vez por todas, providências por parte das autoridades, para que casos como o de Lucicléia Ferreira dos Santos, esposa de Joseano Ferreira, não voltem a ocorrer.

Na imprensa ou em redes sociais e grupos de mensagens em aplicativos, os relatos de casos de negligência do hospital, vêm constantemente sendo denunciados. São  situações como essas e do tratamento inadequado às gestantes no momento que precisam de cuidado e atenção adequada no HDM, do acolhimento como já colocamos, mas que tem se tornado trágico para muitas famílias e não de hoje.

“Nossa intenção é mostrar que da forma que está não pode continuar, por isso a nossa convocação para esse momento, em seguida documentar no Ministério Público e agora aqui com os vereadores que precisam está com a gente, dando esse apoio institucional. Vamos procurar também o prefeito Miguel Coelho”, disse Cláudia Ferreira que administra o grupo de whtasapp Nascimento com respeito junto com outras lideranças, organizadora do protesto desta terça que teve ainda outros movimentos sociais como EU SOU MÃE, TENHO MEDO coordenado pela líder comunitária, Luciana do Vivendas.

ENCAMINHAMENTOS

As vereadoras Maria Elena e Samara da Visão que estão à frente dos encaminhamentos com parte dos manifestantes, sobre as denúncias contra o HDM na Casa Plínio Amorim juntamente também com os colegas vereadores César Durando, Zenildo do Alto do Cocar e Osinaldo Souza (FOTO REDAÇÃO )

O Hospital Dom Malan é vinculado ao governo estadual, mas gerido de forma terceirizada. Desde o ano passado quem está à frente da unidade é a Fundação Professor Martiniano Fernandes,. Mas o HDM passou mais de 10 anos sendo gerido pelo Imip (Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira).

Entre os encaminhamentos tirado do encontro dos manifestantes com os vereadores, foram apresentados uma indicação de autoria das vereadores Mari Elene e Samara da Visão, solicitando ao prefeito Miguel Coelho e à secretária de Saúde, Magnilde Albuquerque, a ampliação dos serviços da Casa de Parto para que possa dispor de atendimento também a partos cesáreos e pequenas cirurgias.

E o requerimento de autoria da vereadora Maria Elena para a realização de uma audiência pública que irá tratar de medidas que possam cessar as constantes denúncias contra o atendimento das mulheres gestantes no Hospital Dom Malan com a presença de autoridades estaduais, municipais, deputados e deputadas que atuam na região, MPPE, MPF, movimentos sociais, entre outros convidados.

Segundo os vereadores César Durando, presidente da CoiMssão de Saúde, e Maria Elena de Alencar, que comanda além da Comissão da Criança e do Adolescente, os colegiados da Mulher e da Educação no legislativo de Petrolina.

“Hoje as comissões foram homologadas e estamos recebendo essa denúncia e outras já veiculadas na imprensa. Vamos agendar uma visita ao Hospital Dom Malan, pegar os protocolos, os prontuários, nos antecipando a uma audiência pública que a Câmara irá organizar. Vamos cobrar medidas de quem está gerindo e apurar de quem quer que seja e trazer esses relatórios aqui para a Casa”, afirmou o vereador César Durando.

Ouça a fala do vereador:

A vereadora Maria Elena também se pronunciou e destacou as providências que o legislativo pretende tomar sobre as inúmeras denúncias de negligências no atendimento às mulheres de Petrolina na hora de terem os filhos na principal maternidade do sertão do estado que atende além de Petrolina, mais de 50 cidades devido ao pacto de saúde regionalizada Pernambuco/ Bahia – a Rede PEBA. Ela cobra uma nova postura de tratamento da unidade dentro desta rede para o atendimento às pacientes.

“A rede PEBA é um protocolo de serviços de atendimento a municípios de Pernambuco e Bahia e até do Piauí que precisa criar protocolos disciplinados para que casos de mortes e crianças não continuem acontecendo. Então, nós aqui da Câmara, não podemos ser mais complacentes . Vamos nos juntar à voz dos movimentos sociais e fazer com que o HDM junto com a sua administração, criem uma estratégia, planejamento, para tender melhor, dentro do orçamento que dispõe, para esta prestação de serviço com mais dignidade”, declarou a vereadora Maria Elena.

Ouça trecho da entrevista da vereadora:

Em nota, a assessoria de imprensa do HDM gestão Fundação Professor Martiniano Fernandes, esclarece os casos relatados de maus tratos no acolhimento da unidade e afirma que o hospital sempre tem procurados cumprir os determinados cuidados com as pacientes e que está à disposição da sociedade para os esclarecimentos necessários. Ainda lamenta o caso de Joseano e Lucicléia, mas nega negligência do atendimento à paciente.

Confira a nota:

NOTA DE ESCLARECIMENTO // HOSPITAL DOM MALAN

A direção do Hospital Dom Malan de Petrolina reconhece a legitimidade de qualquer tipo de manifestação popular. Entretanto, reforça que conta com uma equipe multidisciplinar ética, dedicada e que preza pelo atendimento de qualidade a todos os usuários do SUS.

Mesmo diante da grande demanda de pacientes na emergência obstétrica da unidade, referência no atendimento materno-infantil de alta complexidade para mais de 50 municípios da Rede de Saúde Pernambuco Bahia (Rede PEBA), o serviço não nega atendimento a nenhuma gestante que o procura. Todas são acolhidas pela equipe multidisciplinar, que avalia os casos individualmente, indicando assim a melhor conduta a ser seguida no momento da admissão.

É importante destacar ainda que o Hospital Dom Malan é, atualmente, a unidade que mais realiza partos em Pernambuco. São, em média, 600 por mês, mais de 7 mil por ano. Desse quantitativo, mais de 50% correspondem a partos de baixo risco, ou seja, procedimentos que poderiam ter sido realizados em serviços de menor complexidade, como maternidades municipais ou casas de partos.

Em relação ao caso específico da gestante Lucicléia Ferreira dos Santos, a direção informa que a mesma foi assistida pela equipe multidisciplinar durante todo o internamento. Entretanto, apesar dos esforços, o recém-nascido não sobreviveu a uma intercorrência causada por uma bradicardia intensa.

A direção da unidade se solidariza com a família nesse momento de dor e se coloca à disposição dos órgãos competentes e dos familiares para qualquer esclarecimento.

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Cinara Marques

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