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#SemanadoAgricultor: De professor a agricultor, Jailson Lira conta sua história como produtor no Vale do São Francisco e como foi o caminho até o comando do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina

Entrevista Tribuna Nordeste

#TribunaAgroNE – Cinara Marques, da Redação

Neste 28 de julho, Dia do Agricultor, o Portal Tribuna Nordeste e o Podcast Nordeste em Pauta apresentam o perfil de um dos mais bem sucedidos produtores rurais da região irrigada do Vale do São Francisco. Ele é mais um exemplo ‘dos que aqui chegaram’ e prosperaram.

Tendo vindo da Paraíba, seu estado natal, para Petrolina, no sertão pernambucano, para ser professor do Instituto Federal Sertão Pernambucano (IF-Sertão), um mestre como docente,  diga-se de passagem, o professor e produtor Jailson Lira, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, faz questão de deixar claro que sua ligação com o campo faz parte de sua história, sempre existiu, apesar de vir para a ‘capital da irrigação’ para exercer a sua outra profissão.

“Sou de uma família de agricultores. Minha vida está ligada ao campo, a atividade agropecuária. Quando cheguei aqui para assumir o trabalho no Instituto Federal já enxerguei o potencial daqui na agricultura Com pouco tempo adquiri minha primeira área que foi no N-7 do Projeto Nilo Coelho, depois fui para outra maior no N-10”, detalhou o professor Jailson que conta mais nessa entrevista ao nosso site dentro da #SemanadoAgricultordoTNE.

Segue a entrevista:

PORTAL TRIBUNA NORDESTE

1 – Como foi a transição de professor para produtor? Quando a agricultura entrou na sua vida e se tornou a sua atividade profissional?

JAILSON LIRA – PRODUTOR E PRESIDENTE DO SINDICATO DOS PRODUTORES RURAIS DE PETROLINA

Realmente cheguei à Petrolina como docente para trabalhar no Instituto Federal, vindo da Paraíba que é de onde eu sou. E logo vimos que aqui era uma região promissora e tinha essa intenção de produzir logo que cheguei, até porque fui criado nesse ambiente de produção agrícola tanto da família da minha mãe como por parte do meu pai. Então esse sempre foi um ambiente que sempre gostei. E ao chegar aqui vi esse potencial da agricultura e pensei em produzir assim que cheguei. Primeiro comecei plantando banana no N-7 do Projeto Nilo Coelho, onde adquirir minha primeira área e passei depois para uma área maior, de porte médio, no N-10, onde passamos ao cultivo da uva. Hoje temos só cultivado a uva e ano a ano, temos aumentado a área, se adequando as necessidade do mercado.

2 – Quais os desafios do começo quando passou a se dedicar integralmente a atividade e o que tem trazido mais satisfação?

Os desafios ainda são a questão de se facilitar o acesso ás novas tecnologias, uma questão em regiões como a nossa, de clima árido, mas nós não paramos nem no tempo nem no espaço. Fomos buscar fora de Petrolina e do Brasil, novas formas de produção, variedades, e através dessas variedades que dão uma condição melhor de trabalho, nos permitindo produzir cada vez mais e melhor e isso levou com que as entidades, associações em que participamos, estejam cada vez mais atentas às novidades do mercado.

COOPERATIVA

Há aproximadamente 16 anos, nós fundamos uma cooperativa de produtores exportadores de uva e isso foi um marco muito importante para a nossa atividade, porque através da união do produtores que cultivavam a mesma cultura e que tinham os interesses próprios e em comum,  começamos a trabalhar, fazendo com que a cooperativa pudesse atender mais as nossas demandas e isso nos gerou uma satisfação muito grande no trabalho em conjunto, feito de forma democrática e eficaz que é o cooperativismo. Hoje fazemos parte do conselho de administração , mas também da organização de cooperativas no estado, em que fazemos parte como conselheiro do Cescoop OCB que é a representação estadual do cooperativismo .

3 – Como chegou à presidência do Sindicato dos Produtores Rurais e o que destaca dessa missão à frente da entidade?

Com toda essa movimentação através da criação da cooperativa, envolvimento nas demandas do setor da fruticultura aqui em Petrolina, e sempre participando de todos de eventos, a gente começou a se interessar pela representação dos produtores e aí formos convocados pelos colegas, para que pudesse fazer parte, inicialmente, da Câmara de Fruticultura de Petrolina junto com outros companheiros e depois fui convidado a me candidatar a presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Petrolina, onde já estou há cinco anos. Temos bastante atividades e pleitos já encaminhados e estamos lutando para cada vez mais trazer benefícios aos nosso companheiros produtores rurais aqui de Petrolina e do Vale do São Francisco. Uma das coisas muito importante que fazemos, juntos com o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Petrolina, é a renovação da convenção coletiva de trabalho, um documento anual em que a gente senta com a representação dos trabalhadores e discute os avanços, os encaminhamentos, de forma muito democrática, para o ano em que estamos trabalhando. Então, isso também nos dá muito alegria em poder participar efetivamente desses trabalhos que sempre trazem benefícios a nossa comunidade, tanto de produtores como também de trabalhadores rurais.

4 – Quais os principais desafios da categoria atualmente?

Temos enfrentado desafios de ano a ano, alguns antigos como a falta de recursos às atividades que precisamos fazer e se tornam muitos difíceis. Temos tido interferência às vezes não tão boas, principalmente dos órgãos governamentais que nunca aparecem para facilitar as questões, às vezes para chegam para dificultar, mas enfim, temos dificuldade, mas essas não são barreiras que não possamos ultrapassar. Temos também  crises climáticas, às vezes seca à vezes chuva demais, enfim,  faz parte da nossa atividade e a gente sempre tem procurado respeitar muito os fatores ambientais para que possamos ter uma situação melhor para a nossa humanidade.

5- Está satisfeito com a atividade? Deixe uma mensagem para os colegas agricultores e para todos que tiram seu sustento do campo.

Apesar de integrar os que já passaram dos 60 anos, não tenho nenhum pensamento em me afastar ou me aposentar da atividade, pelo contrário. Apesar da idade mais avançada, a gente tem um destaque efetivo diário. Sempre acordando cedo como é comum para todo trabalhador e para todo produtor rural, dia a dia, saindo tarde da propriedade, sem feriado sem dia santo. Sempre atento ao cuidado com as plantas e com todas as culturas para que possam ser atendidas nas suas necessidades. Portanto, a nossa satisfação é plena, no sentido de poder produzir alimentos para um país que precisa, para países que precisam, exportando, vendendo no mercando interno e fazendo uma coisa muito importante que é o que todos os produtores rurais fazem aqui na região, produzindo empregos e na fruticultura, a gente consegue produzir até 5 empregos formais diretos às pessoas aqui no Vale do São Francisco. Veja que temos quase que 100 mil trabalhadores empregados de forma direta, registrados, tudo feito de forma muito legalizada, fazendo com que esse dinheiro que entra no bolso do produtor, ele possa ser distribuído na região. Essa é uma região rica que produz e que traz divisas, tanto do nosso Brasil como também de fora do país. Então eu me realizo muito nessa atividade, porque essa é uma situação que a gente tem vivido e observado dia a dia, ano a ano aqui no Vale do São Francisco.

MENSAGEM

A mensagem que trago para os colegas agricultores, produtores e trabalhadores rurais, é que sempre devemos perseverar, embora as dificuldades apareçam, mas temos uma verdadeira missão a cumprir que é a produção de alimentos e da alimentação da nossa população.

Parabéns a todos os agricultores do Vale do São Francisco pelo trabalho e pela dedicação.

 

 

Cinara Marques

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