AdegaColunasPolítica

Vinhos do Vale do São Francisco conquistam certificação de origem

Coluna ADEGA

Novembro começa com uma notícia especial para os amantes de um bom vinho, sejam produtores ou consumidores: o Vale do São Francisco, no Nordeste, acaba de receber o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel espumante.

O registro foi publicado na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2.704 do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na última terça-feira ( dia 1°).

Segundo o pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, trata-se da primeira região de vinhos tropicais do mundo a reconhecer uma IG com altos padrões de exigência de produção, semelhantes aos dos países Europeus.

“Do ponto de vista dos vinhos do Vale do São Francisco, agora eles poderão ampliar sua diferenciação por origem e qualidade, sob a tutela de controle dos produtores. Para os consumidores será uma oportunidade de encontrar vinhos genuínos e típicos da região semiárida”, avalia.

A área de produção dos vinhos compreende cinco municípios localizados em dois estados, são eles: Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia.

Ainda segundo o pesquisador, a expectativa é que a IG amplie não somente a visibilidade da região no mercado interno e internacional, como também estimule novos investimentos que irão extender a capacidade competitiva da produção.

“No médio e longo prazos, estima-se que o desenvolvimento territorial seja impactado positivamente, fortalecido não somente pela produção vitivinícola, como também pela ampliação do enoturismo e atividades afins”, comemorou Tonietto.

“O reconhecimento oficial da Indicação de Procedência Vale do São Francisco para vinhos é resultado de um trabalho articulado entre produtores, universidades e instituições públicas de pesquisa”, completa Wellington Gomes.

Para ele, que é chefe de Divisão de Projetos de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o registro ajudará a fomentar ainda mais o desenvolvimento rural e regional da região.

Embrapa ajudou a montar dôssie

Nesta IG em questão, vale destacar a contribuição da Embrapa Uva e Vinho na condução dos estudos técnicos. O material é parte do dossiê, elaborado com a participação de outras instituições parceiras, encaminhado ao INPI.

Por sua vez, o Mapa, através da sua Coordenação de Indicação Geográfica, foi responsável pela emissão do Instrumento Oficial de Delimitação da IG.

Esse documento atesta a coerência e conformidade da área territorial da IG para fins deste registro.

Iniciada em 1960, a atual área delimitada do Vale do São Francisco originou-se com a organização da produção agrícola irrigada da região.

A irrigação permitiu que as terras com caatinga, até então consideradas improdutivas, se tornassem áreas verdes ao longo das margens de beira-rio.

As videiras cultivadas na região são ligadas diretamente ao Rio São Francisco e desfrutam de uma região com características únicas no mundo.

Segundo dados da Revista INPI, os atributos físicos do meio geográfico, associados à latitude e ao clima tropical semiárido, ao longo do tempo foram associados a sistemas de produção vitícola particulares.

Desta forma, as videiras da região possibilitam colheitas sucessivas ao longo do ano, e tais colheitas múltiplas resultam em vinhos originais.

“Este é um momento histórico e muito esperado pelos vitivinicultores da região”, destaca José Gualberto de Freitas Almeida, presidente do Vinhovasf e da Valexport (Associação dos produtores e exportadores de hortigranjeiros e derivados do Vale do São Francisco).

Para ele é a concretização de um sonho. Desde o reconhecimento da Indicação do Vale dos Vinhedos, em 2002, esperavasse o mesmo para o  Vale do São Francisco.

O que é uma IG?

Com essa concessão, o Brasil chega a 105 registros de Indicação Geográfica, sendo 72 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 32 Denominações de Origem (23 nacionais e nove estrangeiras).

A Indicação Geográfica é um instrumento de reconhecimento da origem geográfica, conferida a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, que detêm valor intrínseco, identidade própria, o que os distingue dos similares disponíveis no mercado.

 

Tags

Cinara Marques

Página do Portal Tribuna Nordeste que visa mostrar notícias diárias da região com foco nos estados de PE, BA e PB, Vale do São Francisco, Petrolina/PE, Juazeiro/BA e o que for importante como informação para o Brasil e o mundo. Acesse tribunanordeste.com.br e fique sempre bem informado. Mande sua sugestão no 81 9 9251-9937 ou [email protected] .

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LUMOS
%d blogueiros gostam disto: